domingo, 4 de maio de 2014

REFLEXÃO DOMINICAL - 3º DOMINGO DE PÁSCOA

 3º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO A - 04/05/2014

Neste tempo pascal, e durante toda a nossa vida, somos chamados a viver tudo na vida à luz do grande mistério da fé - a paixão, morte e ressurreição de Jesus. Sempre quando somos atormentados por grandes sofrimentos em nossa caminhada existencial, nos sentimos sempre tentados a separar estas realidades: de um lado a vida e de outro, a realidade. Fazemos, portanto, algo bem parecido com o que fizeram os dois discípulos de Emaús. Andavam tão desanimados, tão cegos, que só conseguiam ver as palavras e ações de Jesus, como algo relegado ao passado. Foi um grande profeta, mas a morte o calou! Eles esperavam, mas já faz três dias e quando chega ao terceiro dia, não há mais o que se possa esperar.
Jesus se põe a caminho com eles e, com todos nós, para curar esta cegueira sempre permanente, que nos impede de reconhecer sua presença pelo caminho. Neste domingo, à luz do mistério pascal, celebraremos a graça de um novo olhar frente as mais variadas situações da vida. Um olhar já diferenciado nas palavras de Pedro, no dia de pentecostes, em Jerusalém. O mesmo reconhece em Jesus alguém aprovado por Deus, em milagres, prodígios e sinais, mas não somente como feitos do passado, mas a partir de um projeto de Deus determinado de acordo com a sua vontade. Assim vai dizer: “Deus, em seu desígnio e previsão, determinou que Jesus fosse entregue pelas mãos dos ímpios, e vós o matastes, pregando-o numa cruz.” (Atos 2,23). O passado, deste modo, não é visto como um fracasso, mas como realização dos desígnios de Deus, para manifestar que a morte não tem poder para dominar a vida.
A cegueira dos discípulos os impedia de reconhecer a presença de Jesus na caminhada, como também nos impede de reconhecer os sinais que hoje, nos falam de sua presença. Tantos foram os anunciadores da ressurreição, dentre eles as mais destacadas, as mulheres, que foram aos discípulos comunicar o que tinham visto; e eles simplesmente não acreditaram; a dor ainda falava mais forte. Anunciadores e anjos, não foram capazes de leva-los à crença. A vida transformada em Cristo que abraçamos e vivemos como graça é um sinal da ação de Deus na caminhada de muitos. Quando somos capazes de abandonar uma vida fútil e reconhecer o resgate que Deus fez de nós, pelo sangue de seu filho, nos tornamos também testemunhas da ressurreição.
Alimentar em nós este olhar é uma das graças que esperamos colher deste tempo pascal. Pois ele nasce da certeza de que fora de Deus não poderemos alcançar a verdadeira felicidade; até mesmo quando estamos vivendo tempos de tribulação, até porque nada escapa ao seu olhar. É a fé que nos faz cantar como o salmista quando diz: “Pois não haveis de me deixar entregue à morte, nem vosso amigo conhecer a corrupção.” (Salmo 15/16). E os grandes anunciadores que o mundo de hoje precisa, são daqueles que trazem no coração a verdadeira felicidade que emana de Deus; pessoas que comunicam ao mundo o sentido da verdadeira festa, pois descobriram em Deus uma felicidade que nada pode destruir.
Pode ser que muitos de nós estejamos desanimados e caminhando por caminhos que desvirtuem os traçados por Jesus; não mais a caminho de Jerusalém, mas indo para outro lado, Emaus. O peso da cruz nos faz agir assim! Nem mesmo a força de suas palavras ou sinais, é capaz de nos fazer enxerga-lo em nosso lado, durante a caminhada. Mas quando ao redor da mesa, Ele nos faz compreender o verdadeiro sentido das Escrituras e recobrar em nós a força e a coragem de voltar à Jerusalém, descobrimos que não estamos sozinhos. O Senhor caminha ao nosso lado! Em Jerusalém os nossos irmãos estão reunidos e foi para lá que durante todo o evangelho Jesus caminhou. Traçou um verdadeiro roteiro da entrega por amor. Não deixemos que a dor e o desânimo desvirtuem o caminho traçado a nós por nosso Senhor. A cada Eucaristia, Jesus nos ajuda a retomar este caminho.
Fraternalmente,
Padre Everaldo Santos Araújo
Pároco da Paróquia Santa Terezinha

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